Política: Os PALOP podem esperar "muitos benefícios" da presidência portuguesa da UE "porque há processos em curso" e fala de Cabo Delgado.
O ministro português dos Negócios
estrangeiros, Augusto Santos Silva, esteve em Berlim nesta terça-feira (24.11)
a preparar a transição da presidência do Conselho da União Europeia, atualmente
ocupada pela Alemanha e que Portugal assume a partir de janeiro próximo.
Santos Silva elogiou a
"eficácia" alemã "em condições extremamente difíceis",
destacando como "vitória alcançada" a assinatura por todos os
estados-membro do acordo para aprovação do próximo orçamento plurianual e do
fundo de recuperação económica pós-pandemia, que espera vir a ser ratificado
ainda durante a liderança alemã.
Na capital alemã, o diplomata reuniu-se
com dois de seus homólogos: o alemão Heiko Maas e o esloveno Anže Logar. Em
2021, a Eslovênia sucederá Portugal na presidência da UE.
O ministro Santos Silva explicou ainda
que a presidência portuguesa terá foco na ação, porque Portugal estará
encarregado de "implementar as decisões que tomamos em 2020". Neste
contexto, o pilar social da União Europeia será reforçado para que a transição
ecológica e a transição digital "sejam feitas sem deixar ninguém para
trás".
Continuidade na agenda comum EU-África
"Mais uma vez, vamos dar
continuidade no que é feito este ano", que termina com uma cimeira em
Bruxelas, que irá reunir um número de líderes europeus e africanos em dezembro.
"Cooperação no combate à pandemia
[da Covid-19]" bem como temas importantes da agenda comum - como
"migração, emprego, empoderamento das mulheres, saídas para os jovens,
educação e tecnologia" - estarão na pauta.
"A presidência portuguesa vai pôr
em prática essa agenda", garante o ministro que afirma ainda que a entrada
em vigor do novo acordo de cooperação entre a União Europeia, a África
Subsaariana, as Caraíbas e o Pacífico, em 2021, será levada em conta.
"Portugal está numa posição única
de facilitar este diálogo europeu-africano", afirma.
Combate ao terrorismo em Cabo Delgado
Segundo Augusto Santos Silva, os PALOP
podem esperar "muitos benefícios" da presidência portuguesa da UE
"porque há processos em curso".
"Cabo Verde tem, com a União Europeia,
um processo em curso cujo objetivo é, quando isso for possível, a isenção de
visto. Angola tem em curso um processo de negociação com a União Europeia para
um novo acordo entre Angola e a Europa. Moçambique pediu apoio à União Europeia
designadamente para combater o terrorismo no norte, em Cabo Delgado. A União
Europeia já disse que iria prestar esse apoio e estamos agora a discutir com
Moçambique os contornos de tal acordo," enumera.
O ministro português dos Negócios
Estrangeiros disse ainda que o apoio europeu a Moçambique será feito nos moldes
definidos pelo país africano, de acordo com a solicitação formal feita à UE e
que prevê quatro apoios: "formação e treino das Forças Armadas e de
Segurança, apoio logístico, em matéria de saúde pública e humanitária e no
desenvolvimento".
"Vamos desenhar a resposta nos
termos definidos pelas autoridades moçambicanas", garantiu.
No plano bilateral, Portugal também
deverá apoiar Moçambique com formação e treino.
"Está em causa a segurança e o
bem-estar de centenas e centenas de milhares de pessoas no norte de
Moçambique", afirmou o ministro, acrescentando que "Moçambique está a
ser vítima de redes terroristas internacionais que são muito perigosas e
constituem uma ameaça direta ao nosso modo de vida".
Augusto Santos Silva realçou a responsabilidade da comunidade internacional para com Moçambique: "Não podemos ignorar que essas redes terroristas internacionais estão a atacar em diferentes pontos de toda a África Oriental".